Por Ivan Valente - Já são
cinco os delatores da operação Lava Jato que confirmam que o presidente da
Câmara Eduardo Cunha recebeu milhões de dólares de propina no escândalo da
Petrobrás.
Primeiro, foi o doleiro
Alberto Youssef que relatou a chantagem de Cunha sobre o empresário Julio
Camargo através de requerimentos de convocação de dirigentes da Samsung e
Mitsui, saídos do seu gabinete e apresentados pela ex-deputada Solange Almeida.
Depois, foi o lobista Julio Camargo que, em depoimento ao juiz Sérgio Moro,
disse ter pago 5 milhões de dólares a Eduardo Cunha e mais 5 milhões a Fernando
Baiano, o principal operador do PMDB e, segundo Camargo, sócio oculto de Cunha.
Agora, Fernando Soares, o
Baiano, já fez delação premiada confirmando recebimento de 10 milhões de
dólares por ele e por Cunha depois de reunião com Julio Camargo. Falta só o
vídeo.
Em segundo, o ex-gerente
Internacional da Petrobrás e delator da Lava Jato Eduardo Musa disse que o
empresário João Augusto Henriques, também lobista do PMDB, lhe afirmou que
Cunha "é que dava a palavra final" sobre indicações para a Diretoria
Internacional.
O próprio João Henriques
acaba de confirmar à força tarefa da Lava Jato que no âmbito de um contrato da
estatal para aquisição de um campo de exploração em Benin, na África, fez
"a pedido de terceiro" transferência bancária a um político com foro
privilegiado. Investigadores da operação afirmam que se trata de Eduardo Cunha.
Isso tudo para não falar do
policial Jaime Oliveira o "Careca", maleiro de Youssef que teria
entregue dinheiro na casa de um advogado na Barra da Tijuca, Rio, para Eduardo
Cunha. Investigação que está bloqueada.
Com tudo isso, Cunha continua
presidindo a Câmara, operando no cargo ofensivamente para diluir as denúncias.
Sabe da impopularidade de Dilma e do PT, mudo com a clamorosa corrupção em seus
quadros e refém da governabilidade conservadora, maneja a espada do impeachment
para acocorar o PT.
Cunha se aproveita do cinismo
e oportunismo do PSDB que, interessado apenas no impeachment, protege Cunha na
CPI da Petrobrás e se esgueira das denúncias de corrupção contra seus
correligionários. Em relação ao PMDB que lhe dá cobertura, sabe que grande
parte da cúpula da sigla está enroscada na Lava Jato como ele.
E no Congresso tenta manter
grande apoio através da bancada BBB: do Boi, agracia com a votação da PEC 215
que acaba com a demarcação das terras indígenas, da Bíblia (fundamentalismo
religioso) com a votação do Estatuto da Família e da Bala, com a votação do
Estatuto do Desarmamento.
Apesar de Cunha levantar
poeira o tempo todo para desviar-se da contundência das acusações que lhe
atingem e do STF ter-lhe concedido espaçoso tempo para se defender, sua
situação é insustentável.
Uma decisão do Supremo de torná-lo réu, ou seja,
acatando a denúncia da PGR, vai tornar inviável sua permanência no cargo. Mesmo
com sua grande rede de proteção, inclusive em parcelas da mídia, grande parte
da população já sabe que suas bravatas são uma grande cortina de fumaça para
encobrir a verdade.
Ivan Valente – Deputado
Federal PSOL/SP
