sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Três indagações sobre a legitimidade deste pedido de impeachment:

01 - A denúncia aborda sobre dois temas distintos, as "Pedaladas Fiscais" e os desdobramentos da Operação Lava jato.

A indagação é se esta denúncia teria legitimidade jurídica para um julgamento político em face de sua IMATERIALIDADE, princípio que torna a fundamentação sem sentido ou aleatória, sem ter um tema definido e contextualizado, por este princípio este pedido de impeachment já perderia o sentido legal, não é cabível instituir legitimamente qualquer processo de julgamento político abordando em uma só petição dois temas que não se conectam em absolutamente nada.

02 - Tanto as "Pedaladas Fiscais" como todos os desdobramentos da Operação Lava Jato e suas delações premiadas, se referem a fatos ocorridos até 2014, e não em 2015.

A indagação tem como base uma recente entrevista com o ex-Ministro do STF, Carlos Ayres de Brito, a qual ele afirma categoricamente que não há hipótese de sustentar um pedido de impeachment denunciando crimes de responsabilidade do mandato anterior ao em exercício, traduzindo, para legitimar um pedido de impeachment da presidente da República, se faz necessária comprovar que os crimes de responsabilidades envolverem diretamente a mandatária e no mandato em curso.

03 - O pedido de impeachment se aceito, teremos instaurado um processo político/administrativo, portanto teremos um JULGAMENTO POLÍTICO, onde o símbolo do poder judiciário retira a vendas dos olhos e passa a enxergar contornos não vistos em um processo de julgamento JURÍDICO.

Dentre esses contornos políticos, sem dúvidas que o princípio constitucional da MORALIDADE na administração pública passa a ter um peso notável neste processo, e como todos sabem, o papel de magistrado neste julgamento cabe ao presidente da Câmara dos Deputados, senhor Eduardo Cunha.

Como então poderemos esperar qualquer resquício de moralidade na condução deste processo, e seu principal mediador é acusado pela Procuradoria Geral da República por corrupção ativa e lavagem de dinheiro e com pedido de 184 anos de prisão?

Cabe salientar que a mesma delação premiada citada pelos denunciantes, levou o presidente da Câmara a ser denunciado pela PGR sobre seu envolvimento nesta mesma Operação Lava Jato.

Diante dos desdobramentos políticos, a cada dia fico mais convicto que tal processo será consolidado mesmo com todos esses questionamentos que serão feitos, e podem ter certeza que o objetivo será consumado.

O que está muito ruim, podem ter certeza que vai piorar muito nas mãos de quem irá assumir o comando da "nau à deriva".